13 iniciativas comunitárias na América Latina, África e Ásia integram a rede GLFx, do Global Landscapes Forum, com a missão de combater a degradação do solo, a crise climática e a perda de biodiversidade, ao mesmo tempo que promovem meios de subsistência sustentáveis
Bonn, Alemanha (23 de janeiro de 2025) – Treze iniciativas comunitárias dedicadas à restauração de ecossistemas juntaram-se em 2025 à rede de sementes GLFx, do Global Landscapes Forum (GLF). Lideradas principalmente por jovens e mulheres, essas organizações atuam no Brasil, Bolívia, Chade, Colômbia, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, Nigéria, Tanzânia e Vietnã.
A GLFx é uma rede global de organizações locais que buscam restaurar seus territórios e paisagens, além de defender reformas políticas em benefício da natureza e das pessoas. Essa rede conecta grupos locais com parceiros estratégicos em todo o mundo e oferece acesso a oportunidades de aprendizado, visibilidade e financiamento para facilitar que as comunidades fortaleçam ainda mais suas atividades de gestão, governança e restauração de paisagens.
Os novos sementes GLFx concentram-se na restauração de ecossistemas liderada por comunidades locais, no aprimoramento de sistemas alimentares e na resiliência climática. Suas iniciativas incluem agroecologia, agricultura regenerativa, conservação da biodiversidade, ecoturismo, abordagens bioculturais, plantio de árvores, gestão de água e resíduos, além de programas de intercâmbio de conhecimentos. Também abordam políticas de direitos à terra, governança e equidade de gênero.
Em seu quinto ano, a rede GLFx cresce de 38 para 51 sementes comunitárias situadas no sul global. Esses novos grupos buscam impactar mais de 7.000 famílias, agricultores, mulheres e jovens, promovendo uma gestão inclusiva de territórios e paisagens nas cordilheiras dos Andes e do Himalaia, nos biomas do Cerrado e Caatinga no Brasil, em zonas costeiras e ilhas do Sudeste Asiático, nos pântanos da África Ocidental, e em lagos, florestas tropicais e terras áridas de outras regiões do mundo.
“Estamos animados em nos juntar a comunidades ao redor do mundo que, como nós, compartilham a preocupação com a conservação e restauração de suas paisagens, sejam elas mulheres, homens, jovens, povos tradicionais ou profissionais. Esperamos trazer atenção para nossa querida Caatinga e inspirar outras pessoas, aqui e no mundo todo”, disse Maria Geane Magalhães, coordenadora do GLFx Quilombo Lagoas.
“Restaurar o Cerrado vai muito além de plantar árvores; trata-se de resgatar conexões perdidas entre as pessoas, a terra e suas histórias. Cada semente que plantamos representa não apenas o renascimento de um ecossistema, mas também a esperança de um futuro mais justo e sustentável para as comunidades e os povos tradicionais que chamam o Cerrado de lar. Ao nos juntarmos ao GLFx, podemos ampliar nosso impacto e fortalecer nossos esforços para restaurar e proteger o Cerrado, garantindo sua integridade ecológica e o bem-estar de suas comunidades para as futuras gerações”, disse Nondas Ferreira da Silva, coordenador do GLFx Alto Rio Pardo.
As novas sementes GLFx na América Latina
- GLFx Alto Rio Pardo é liderado pela organização agrícola Rede de Coletores Geraizeiros, localizada no norte de Minas Gerais, Brasil, uma região de florestas, pastagens e arbustos no Cerrado, conhecido por sua alta biodiversidade. A semente busca fortalecer a resiliência socioeconômica e a sustentabilidade ambiental por meio da restauração de solos e paisagens. Suas atividades incluem a coleta e preservação de sementes nativas, a segurança hídrica, o apoio a empreendimentos ecológicos e outras ações climáticas.
- GLFx Quilombo Lagoas, liderado pela GM Agropecuária e Assessoria, opera no território Quilombola Lagoas, no estado do Piauí, na região semiárida da Caatinga, Brasil. Por meio de práticas sustentáveis, sistemas agroflorestais e iniciativas agroecológicas, a semente contribui para o desenvolvimento rural e a restauração de áreas degradadas pela desertificação, secas prolongadas e altas temperaturas crescentes. O GLFx Quilombo Lagoas fortalece os meios de vida locais ao conectar florestas com a produção de alimentos, educação ambiental, monitoramento da paisagem e outras atividades comunitárias, muitas das quais envolvem mulheres e jovens.
- GLFx Imbabura, gerido pela Fundación Tierra Viva, opera nos Andes no norte do Equador, na província de Imbabura. Este território inclui florestas secas e de neblina, zonas úmidas de alta montanha, pastagens, arbustos e terras áridas, habitado por povos indígenas, afro-equatorianos e mestiços. A semente é um grupo intergeracional que trabalha para transformar fazendas sustentáveis em territórios sustentáveis de forma mais ampla. A organização busca enfrentar a perda gradual de conhecimentos ancestrais, biodiversidade e identidade cultural. Também combate ameaças à soberania alimentar local por meio da agroecologia, priorizando meios de vida sustentáveis, conservação da biodiversidade, melhoria de competências, ação climática e intercâmbio de conhecimentos.
- GLFx San Rafael Antioquia é liderado pela Red Local de Turismo San Rafael, uma organização de jovens localizada em uma floresta tropical andina no noroeste da Colômbia. Esta semente foca no turismo regenerativo comunitário e em iniciativas produtivas que visam melhorar a conservação da biodiversidade e as condições de vida desta área rural agrícola, lar de espécies únicas de aves, primatas, felinos e abelhas nativas. O GLFx San Rafael Antioquia fortalece o tecido social local frente a desafios como o conflito armado, mineração, projetos hidrelétricos, pecuária e expansão urbana.
- GLFx Uru Uru é gerido pela Uru Uru Team, uma organização indígena liderada por jovens que se dedicam ao cuidado do Lago Uru Uru, na Bolívia. Este lago abriga comunidades indígenas e dezenas de espécies de aves, incluindo flamingos únicos. A semente utiliza plantas aquáticas nativas, como as totoras, para absorver metais pesados presentes no lago devido à contaminação da mineração. Também enfrenta a poluição por plásticos e os impactos da crise climática por meio de conhecimentos ecológicos ancestrais, soluções inovadoras e conscientização. O objetivo é recuperar a pesca, a agricultura e a pecuária saudáveis. Sua horta comunitária é outra ferramenta importante para garantir a sustentabilidade ecológica e econômica.
As novas sementes GLFx na África
- GLFx Farankaraina, dirigido pela ONG liderada por mulheres Fandroakando, opera na floresta Farankaraina, localizada no norte de Madagascar. Gerido por comunidades locais, este ecossistema é lar de mamíferos, répteis e aves, incluindo os icônicos lêmures, camaleões e fossas. A semente busca elevar a categoria de proteção da floresta Farankaraina, melhorar os meios de vida das comunidades, restaurar a floresta e conservar a biodiversidade. Também lidera iniciativas de educação ambiental, pesquisa e ecoturismo.
- GLFx Mwanza é liderado pela Nourish Africa, uma organização dirigida por mulheres na cidade portuária de Mwanza, na Tanzânia. A semente promove a mitigação climática e a equidade de gênero por meio da educação ambiental, restauração de ecossistemas liderada por jovens, agricultura sustentável e fortalecimento das cadeias de valor. GLFx Mwanza planeja plantar cinco milhões de árvores na região para reverter a degradação do solo.
- GLFx Moyen-Chari é gerido pelo Consortium pour la Promotion des Initiatives et de Développement, uma organização liderada por jovens em Sarh, uma cidade ribeirinha e o terceiro maior centro urbano do Chade. Esta semente foca em ações para a resiliência climática e combate à desertificação, por meio da gestão de terras áridas e águas na bacia do rio Chari, impulsionando políticas sobre posse de terra, monitoramento do ecossistema, implementação da agroflorestação e promovendo a inclusão de mulheres em programas de ecoempreendedorismo e outras atividades geradoras de renda.
- GLFx Calabar é dirigido pela organização liderada por jovens Biodiversity Rescue Club (BRC). Opera nas zonas úmidas de Calabar, uma cidade portuária situada em uma colina e um dos centros comerciais mais antigos da Nigéria. A semente implementa a restauração comunitária de manguezais e iniciativas de educação ambiental, beneficiando os meios de vida locais, a biodiversidade e a captura de carbono em Esierebom, uma comunidade afetada pelo desmatamento, poluição e perda de habitat.
As novas sementes GLFx na Ásia
- GLFx Aceh é liderado pela organização dirigida por mulheres Rumah Relawan Remaja, na província de Aceh, Indonésia. Nesta região ao norte de Sumatra, onde a biodiversidade dos oceanos Índico e Pacífico se encontra e a economia se baseia na agricultura, pesca e turismo, a semente busca promover a paz e fortalecer a interação sustentável entre as pessoas e a natureza. Com foco em mulheres e meninas, o GLFx Aceh restaura manguezais e desenvolve atividades de educação ambiental por meio de uma ampla rede de voluntários, iniciativas de aprendizado de longo prazo, um programa de guardiões comunitários e o plantio de manguezais.
- GLFx Quang Nam é gerido pela organização Green Youth Collective, liderada por jovens e mulheres em Quang Nam, uma província no Vietnã rodeada por montanhas, florestas e recifes de coral. A semente implementa um modelo de lixo zero e um sistema alimentar circular através da agricultura regenerativa e da agrofloresta. Por meio de seus centros de aprendizado interativo (Living-Learning) e pequenos espaços de jardinagem e agricultura em circuito fechado, o GLFx Quang Nam envolve jovens, mulheres, agricultores e trabalhadores do setor de resíduos.
- GLFx Siargao é liderado pela organização de jovens Lokal Lab na ilha de Siargao, conhecida por seu formato de gota e por ser a capital do surfe nas Filipinas. A semente busca tornar a ilha autossustentável, com empreendimentos sociais, práticas ecológicas conscientes, agroecologia e agricultura regenerativa com enfoque circular inspirado nas culturas insulares. Em colaboração com as autoridades locais, o GLFx Siargao implementa programas de conhecimento sobre turismo sustentável, agricultura e artesanato, destinados a jovens e outras pessoas envolvidas na agricultura e artesanato.
- GLFx Himachal é liderado pela Zoo Outreach Organization no Himalaia Ocidental da Índia, o lado mais vulnerável dessa cordilheira às mudanças climáticas, onde as florestas e a neve estão diminuindo enquanto os deslizamentos de terra e conflitos entre pessoas e a vida selvagem aumentam. A semente foca na restauração da paisagem, conservação da vida selvagem, melhoria dos meios de subsistência sustentáveis e fortalecimento da liderança das comunidades locais e dos povos indígenas, incluindo mulheres e jovens. Também possui um viveiro comunitário, realiza atividades de pesquisa e avalia dados comportamentais.
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OUTRAS CITAÇÕES
“Ao se juntar à rede GLFx, a Rumah Relawan Remaja tornou-se parte de um movimento maior para enfrentar desafios globais de forma colaborativa. É uma oportunidade de compartilhar a perspectiva única da Rumah Relawan Remaja, aprender com outros e desempenhar um papel ativo na construção de um mundo mais interconectado e harmonioso”, disse Rahmiana Rahman, líder do GLFx Aceh.
“Estamos confiantes de que podemos melhorar os meios de subsistência das comunidades locais e restaurar o ecossistema costeiro de Calabar, na Nigéria, ajudando-o a prosperar com manguezais e biodiversidade para as próximas gerações. Juntos, continuaremos trabalhando por um planeta sustentável, deixando-o melhor do que encontramos”, disse Anna Obi Akpe, líder do GLFx Calabar.
“GLFx é a primeira rede internacional à qual o Fandroakando se juntou. Isso representa uma maior abertura para o mundo, permitindo que a equipe fortaleça seu conhecimento, compartilhe experiências e apresente suas conquistas”, disse Razafindrakoto Noromampiandra, líder do GLFx Farankaraina.
“É fundamental adotar uma abordagem de paisagem para promover uma convivência harmoniosa. Isso é especialmente verdadeiro para os Himalaias, que estão sofrendo graves impactos das mudanças climáticas, como enchentes repentinas, deslizamentos de terra e desmatamento, que afetam diretamente as comunidades, a fauna e a vegetação”, disse Trisa Bhattacharjee, ponto focal do GLFx Himachal.
“Fundación Tierra Viva tem o prazer de fazer parte do GLFx, compartilhando sua abordagem de paisagem e compromisso com a sustentabilidade. Essa parceria oferece a oportunidade de compartilhar nossa expertise no Equador, promovendo a conservação, os direitos comunitários e a segurança alimentar, além de implementar processos resilientes e sustentáveis”, disse Mery Montesdeoca, do GLFx Imbabura.
“Fazer parte da rede GLFx reforça nosso compromisso com a transformação de ecossistemas e com as comunidades locais. Nos apresenta um roteiro e uma plataforma global para ampliar nossos esforços enquanto colaboramos com líderes visionários de paisagens. Juntos, impulsionaremos a economia verde e criaremos um legado para as futuras gerações ao mesmo tempo que protegemos nossa terra”, disse Balbina Andrew, líder do GLFx Mwanza.
“Juntar-se à rede GLFx oferece a organizações de base como o Green Youth Collective uma oportunidade inestimável de se conectar e aprender com uma comunidade globalmente relevante. Engajar-se com outros membros e trocar ideias sobre como enfrentam seus desafios é essencial para manter viva a esperança nos esforços coletivos que todos estamos tentando alcançar”, disse Hanh Vu, líder do GLFx Quang Nam.
“Esta é uma oportunidade de abrir nosso território para outras pessoas como nós – para aprender, dialogar e mudar nosso mundo juntos. Essa é a única maneira de alcançar resultados. Para nós, conservação é um estilo de vida, o que significa que deve ser sustentável, levando as pessoas ao bem-estar da terra e ao bem-estar humano. Esse é nosso lema”, disse Daniela Daza, membro do GLFx San Rafael Antioquia.
“Ser selecionado como uma semente do GLFx é um valioso reconhecimento de nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável. Isso fortalece nossa credibilidade e oferece uma oportunidade única de colaborar em escala global, ao mesmo tempo em que destaca nossos esforços locais na restauração de paisagens e no fortalecimento da autonomia comunitária no Chade”, disse Ganda Bini Djabou, líder do GLFx Moyen-Chari.
“Juntar-se à rede GLFx é como se tornar parte de uma família maior. Agora temos mentores e colegas inspiradores para admirar, aprender e crescer juntos enquanto trabalhamos por um futuro mais sustentável para nossa ilha e além”, disse Mark-David Pintucan, líder do GLFx Siargao.
“Para a Equipe Uru Uru, é uma grande honra ter sido selecionada como parte da rede GLFx, onde poderemos continuar compartilhando nosso projeto com uma comunidade focada em curar a Mãe Terra e encontrar soluções para enfrentar os impactos negativos da poluição causada pela mineração, pelo plástico e pelos efeitos das mudanças climáticas em nossa comunidade”, disse Mabel Calahuana, membro do GLFx Uru Uru.
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NOTA PARA EDITORES
Para mais informações, acessar fotos ou agendar entrevistas, entre em contato com Kelly Quintero (k.quintero@cifor-icraf.org).
SOBRE GLFx
GLFx é uma rede de organizações independentes, de base e orientadas para a comunidade que transformam seus ecossistemas e promovem a melhoria das políticas em prol do planeta. GLFx foi projetado para acelerar a ação local em prol da restauração global dos ecossistemas, conectando seus membros a espaços de conhecimento, ferramentas e redes necessárias para alcançar uma transformação duradoura e holística. O GLFx conta com o apoio das entidades alemãs Ministério Federal do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Proteção ao Consumidor (BMUV), da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI) e do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ), além da Fundação Robert Bosch (Robert Bosch Stiftung) e da Rede International Model Forest Network (IMFN), com suporte do Governo do Canadá. Saiba mais em globallandscapesforum.org/about-glfx/.
SOBRE O GLF
O Global Landscapes Forum (GLF) é a maior plataforma mundial de conhecimento sobre o uso integrado da terra, conectando pessoas com uma visão compartilhada para criar territórios produtivos, rentáveis, equitativos e resilientes. Ele é liderado pelo Center for International Forestry Research-World Agroforestry Centre (CIFOR–ICRAF), em colaboração com seus co-fundadores PNUMA e o Banco Mundial, e as organizações membros. Saiba mais em www.globallandscapesforum.org.
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